Eleições para o Conselho das Comunidades Portuguesas

Posição da Associação dos Portugueses no Estrangeiro

Consumou-se aquilo que há muito se receava. O Conselho das Comunidades Portuguesas, pelas suas negativas práticas recentes, pelo tipo de liderança dócil e mansa assumida do último mandato, pela qualidade de alguns dos seus conselheiros que não entenderam ou sabiam as verdadeiras funções para o que tinham sido eleitos, deixou praticamente de existir.

Os resultados das últimas eleições, que se saldaram por um fracasso estrondoso, com níveis de votação quase residuais, não deixam margem para dúvidas. Dos mais de 37 mil votantes nas primeiras eleições, em 1997, quando o CCP surgia e se queria assumir como a estrutura representante dos Portugueses no estrangeiro, chega-se agora, 11 anos depois, a pouco mais de 14 mil. Uma descida de quase 200%, arrasadora, humilhante mas, afinal de contas, esclarecedora. Porque se fica a saber, de uma vez por todas, que o CCP deixou de ser um projecto viável.

O som das vozes dos a si mesmo apelidados de “resistentes”, que são alguns dos eleitos, não abafa o generalizado clamor deste fracasso terminal, não concedendo, desta forma, a mínima margem de manobra ao Secretario de Estado das Comunidades Portuguesas para validar umas eleições que foram uma autêntica fantochada.

Não vamos falar sequer dos inúmeros atropelos à interpretação da Lei, nem aos pedidos de impugnação que entretanto surgiram. Também vamos passar ao lado dos justificados protestos de muitas listas concorrentes que entendem terem sido desfavorecidas com a recusa de se abrir mesas de voto em determinados locais.

O que importa aqui atentar é na análise que se faz um pouco por toda a parte: o CCP apenas tem sentido para certos partidos, que através dos seus militantes o politizaram à exaustão, que dele sistemáticamente se servem como arma de arremesso contra quem estiver a governar; interessa a uma casta de pretensiosos, alguns deles desconhecedores das mais básicas questões do dia a dia das nossas comunidades, outros que nem sequer se dignam ir a uma associação ouvir as queixas que diariamente se fazem. Convenhamos que isto não é nada e não serve os interesses dos portugueses que vivem e trabalham no estrangeiro.

A APE, Associação dos Portugueses no Estrangeiro já alertara por diversas ocasiões para o descalabro que se avizinhava, mas concedeu, como se impunha e competia, o benefício da dúvida. Como entidade responsável e coerente, não critica por criticar, nem diz que está tudo mal sem que apresente razões e propostas alternativas, porque entende, acima de tudo, que os 5 milhões de portugueses que vivem fora de Portugal merecem ser respeitados e ser representados pela estrutura que melhor os sirva. O CCP era a esperança em que nós também acreditámos mas hoje, lamentavelmente, pelos seus próprios erros pertence já ao passado.

A Associação dos Portugueses no Estrangeiro tirou as conclusões desta lamentável situação e já está a recolher ideias e propostas do modelo que importará adoptar. Promoverá depois, num encontro agendado para o dia 24 de Maio, um amplo debate com várias individualidades e agentes ligados às comunidades, de onde sairá um documento que será posteriormente entregue ao senhor Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas.

Estoril, 30 de Abril de 2008

A Comissão Executiva

Contactos: Tina Fernandes 919514004 21 468 3711

Sem comentários: